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Redes sociais impedem o debate sobre a Legalização da Maconha e mudanças na política de Drogas

O debate sobre a Legalização da Maconha sofre censura, enquanto a checagem de fatos é removida das redes sociais em nome da "Liberdade de Expressão".
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As redes sociais, como Instagram e X, estão impedindo o debate sobre a legalização da maconha e a reforma da política de drogas.  A Meta, dona dessas plataformas, alegou que se uniu ao governo Trump para combater a censura governamental nas redes.  Essa alegação, porém, é questionável, pois a Meta já demonstra censura seletiva em seus próprios algoritmos, favorecendo determinados conteúdos e reprimindo outros, contribuindo para a disseminação da desinformação e dos discursos ódio.

A hipocrisia fica evidente ao observar como o algoritmo impulsiona ou rebaixa conteúdos, usando “shadowban” (redução de visibilidade) ou banimentos para silenciar vozes.  Atividades antiproibicionistas e a defesa do uso terapêutico da maconha sofrem com isso.  Simples palavras como “maconha”, “cannabis” e “legalização” resultam em restrições de conta.

Nós, do movimento antiproibicionista, já experimentamos isso na prática. Nossa conta no Instagram, por exemplo, sofreu shadowban por postar uma foto com camiseta da Marcha da Maconha, e outra por causa da capa de nosso zine (veja em nosso site).  Apelos foram ignorados.

Enquanto isso, a Meta muda suas políticas para reduzir a moderação de conteúdo, permitindo mais discursos de ódio.  A defesa da liberdade de expressão por essas empresas é claramente seletiva e hipócrita, seu algoritmo é enviesado e suas políticas são inconsistentes.

Entenda as Mudanças na Meta

A recente mudança de política na Meta (Facebook, Instagram e WhatsApp) afeta diretamente a verificação de informações e a moderação de conteúdo prejudicial a grupos minoritários. 

A empresa abandonou a parceria com verificadores de fatos independentes nos EUA, substituindo-a por um sistema de comentários de usuários, similar ao do X (Twitter).  Isso, somado ao fim das restrições a discursos de ódio contra imigrantes e em relação a questões de gênero, levanta preocupações sobre a proliferação de desinformação e a marginalização de grupos vulneráveis.

A justificativa da Meta, de reverter políticas que silenciaram “opiniões divergentes”, soa como uma desculpa para favorecer discursos conservadores e alinhados com a agenda política republicana nos EUA.  Esse alinhamento político é preocupante, especialmente considerando os ataques diretos à regulamentação das redes sociais e as tentativas de interferência em democracias como a brasileira.

A experiência demonstra que a retórica da “liberdade de expressão” utilizada pelas grandes redes sociais não se aplica igualmente a todas as vozes.  Movimentos sociais como o antiproibicionista, antirracista, feminista e LGBTQIA+ já sofrem com a censura e a manipulação algorítmica dessas plataformas.  A mudança de política na Meta não apenas enfraquece a luta contra a desinformação, mas também reforça a desigualdade no acesso à informação e à expressão, silenciando ainda mais as minorias e seus legítimos anseios.

A Guerra ideológica travada nas Redes Sociais

A aquisição do Twitter por Elon Musk e o banimento do TikTok nos EUA expuseram a guerra ideológica travada nas redes sociais, evidenciando a falta de neutralidade política dos algoritmos.  Esses sistemas, apesar de capazes de personalizar recomendações de música e filmes, também amplificam comportamentos nocivos como racismo, misoginia e homofobia, perpetuando e exacerbando preconceitos sociais.

Um estudo da UFMG, por exemplo, demonstrou como o algoritmo de recomendação do YouTube contribuiu para a radicalização política na extrema-direita americana.  A pesquisa destaca que a seleção dos dados que alimentam esses algoritmos é feita por humanos, suscetíveis a preconceitos conscientes ou inconscientes.  Esse processo, chamado de “mathwashing” por Fred Benenson, cria uma falsa sensação de neutralidade e isenta de responsabilidade quem utiliza essas tecnologias.

Este problema se conecta diretamente às preocupações levantadas anteriormente sobre a Meta e a manipulação algorítmica.  A falta de transparência e a ausência de regulamentação eficaz permitem que as grandes empresas de tecnologia controlem o fluxo de informações e, consequentemente, o debate público, favorecendo determinados discursos e silenciando outros, especialmente aqueles provenientes de minorias. 

A dependência social e financeira dessas plataformas nos torna reféns de suas políticas, manipulados pela desinformação e sujeitos a uma influência ideológica que afeta a democracia e a equidade.  A busca por regulamentação e alternativas a essas plataformas é fundamental para nos libertarmos dessa situação.

As alternativas à proibição do Debate sobre a Legalização da Maconha e mudança na Política de Drogas nas Redes Sociais

A proibição de fato do debate sobre a legalização da maconha e a reforma da política de drogas nas grandes redes sociais expõe a hipocrisia da narrativa de “liberdade de expressão” dessas plataformas.  Enquanto discursos de ódio, propaganda de anabolizantes, apostas ilegais e notícias falsas proliferam livremente, conteúdos legítimos e informativos sobre a maconha são sistematicamente censurados e silenciados.  Isso demonstra que a moderação de conteúdo nas redes sociais não é neutra, mas sim direcionada e tendenciosa, favorecendo certos interesses e silenciando outros.

A capacidade de alcance de conteúdo sobre a legalização da maconha é artificialmente limitada, mesmo que totalmente legal e informativo, enquanto outros conteúdos claramente prejudiciais são amplamente divulgados.  Essa prática configura uma forma de censura indireta, que impede o debate público sobre um tema de grande relevância social e política.

A resposta a essa situação requer uma estratégia multifacetada.  A busca por alternativas a essas plataformas dominantes é fundamental:  explorar outras redes sociais, desenvolver plataformas próprias e fortalecer sistemas de comunicação independentes são passos essenciais para garantir a difusão de informações e a liberdade de expressão.

A luta contra a desinformação e a censura algorítmica demanda ações contundentes. Se necessário, o recurso a medidas legais para garantir o respeito aos nossos conteúdos e o direito à informação é uma possibilidade que deve ser considerada

A insistência em silenciar esse debate demonstra, mais uma vez, a fragilidade do discurso de liberdade de expressão dessas empresas e a necessidade urgente de regulamentação e transparência no funcionamento dos algoritmos que controlam a informação.

Autor

  • Felipe Matos

    Advogado, Militante Antiproibicionista, percussionista e Desenvolvedor Web.

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